Thursday, December 20, 2007

Os Melhores Blogs de 2007

na perspectiva do CLARO e do Inteligência Competitiva, claro...


O CLARO, o pioneiro da "competitive intelligence" em Portugal, e o Inteligência Competitiva, associaram-se para nomear, na sua perspectiva, os melhores blogs deste 2007. Foi uma excelente iniciativa pois, se outro interesse não tiver, proporcionou um tempito de boa, agradável e profícua conversa sobre a blogos dos portugueses. Aqui vai então a lista das conclusões a que chegámos, nos campos que definimos, fazendo notar a inclusão de um de New York e de um outro de Paris, ou seja, o Portugal dos Portugueses sempre foi global, a concepção que o Estado tem do País é que, em certas épocas, não alcança nem acompanha a realidade:

Inovação: Janela na Web

Reflexivo: Tempo que Passa

Design: Vida das Coisas

Inteligência Competitiva: Pharma & CI

Viajante: Café Portugal

Diáspora: Pitigrili

Académico Arejado: Macro

De Debate: Nal-Blog

Literário: A Origem das Espécies

Também se considerou a necessidade de assinalar alguns "missing in action" que representam perdas notáveis em 2008. Assim, lamenta-se o desaparecimento da saudável loucura do "Je suis snob", a paralização do "Estado do sítio", a implosão do "Tugir"...

E, "prontes", para o ano, prometemos, há mais. Bom 2009 a todos, que do 2008 já estamos a tratar.

Tuesday, December 18, 2007

Inteligência Competitiva e Assimetria Informacional

A informação é a base fundamental do relacionamento das empresas com o ambiente competitivo. A acção empresarial é precedida de informação, a comunicação com o mercado, com os actores desse mercado, sustenta-se na informação. Ou seja, o espaço de actuação das empresas é um espaço informacional. Tendo por base esta realidade, as três funções da Inteligência Competitiva (Intelligence, Protecção e Influência), traduzidas em trocas de informações entre a empresa e o espaço competitivo (onde se incluem os demais actores), permitem balancear jogo competitivo a favor de quem a estas funções melhor recorre.

Ao contrário da ideia neo-clássica, entendemos que os mercados (os espaços competitivos) são imperfeitos, quer por imperfeições nas informações, quer porque os actores não possuem as mesmas condições de processar, interpretar e utilizar as informações. Ora, a Inteligência Competitiva, pela acção coordenada das suas três funções, tem por objectivo traduzir a relação informacional da empresa (interactiva, na medida em que a empresa tanto recolhe como difunde informações) com o seu espaço competitivo em vantagem competitiva, tendo por resultado uma assimetria informacional positiva, relativamente aos demais actores.

Assim:

- A Intelligence confere a vantagem à empresa, pela antecipação de ameaças e oportunidades e consequente redução das incertezas. Esta função permite tornar positiva a assimetria informacional entre a empresa que a pratica e os seus concorrentes, ao dotá-la uma maior conhecimento do espaço competitivo, da informação disponível, dos seus actores, pela recolha e posterior tratamento da informação para torná-la intelligence, e ao contribuir para uma menor dependência face a informações produzidas por outros, ou seja, para uma maior autonomia informacional.

- A Protecção defende as informações detidas e emitidas pela empresa e permite, deste modo,preservar a assimetria informacional, em proveito da empresa.

- A Influência visa modificar o meio por pressões informacionais, age de modo a conferir um ganho, em termos de assimetria informacional.

Inteligência cooperativa

O espaço competitivo, marcadamente informacional, não pode, nem deve, no entanto, ser entendido como um campo de batalha onde a única solução é eliminar o adversário. Este entendimento pode levar a um menor retorno ao assumir-se que só se ganha às custas dos outros.

É preciso entender que, na lógica dos mercados, existem duas possibilidades de expansão dos negócios: ou por um aumento da quota de mercado ou através do aumento da dimensão do próprio mercado. Barry Nalebuff, um autoridade na teoria dos jogos, alerta precisamente para o perigo de as empresas se distraírem do seu objectivo central, o aumento do lucro. Um dos resultados da teoria do jogo é o “jogo de soma zero”, onde uma parte ganha e a outra perde sem que se altere o total.

A cooperação, refere Nalebuff, pode aumentar o tamanho do prémio em jogo, com a competição a definir quem ganha a maior fatia. Ganhar não passa por bater o adversário se esta superioridade relativa não se traduzir em mais lucros. Envolve procurar um maior retorno absoluto, mesmo que isto signifique mais ganhos para os concorrentes.

Nabeluff defende a intelligence cooperativa, sem que isto pressuponha quaisquer práticas anti-concorrenciais que prejudicam os clientes. Refere-se a relacionamentos entre actores da indústria que beneficiam tanto consumidores, como os fornecedores. O autor defende a necessidade de haver co-opetition (cooperação com competição).
Deste modo, perceber que o tabuleiro do jogo competitivo pode ser ampliado é fundamental para a estratégia empresarial.

As empresas devem ser capazes de equilibrar a competição com a cooperação, mesmo em termos de partilha de informação, para melhor servirem os seus interesses estratégicos, muitas vezes em sintonia com os interesses dos seus concorrentes.

Friday, November 16, 2007

Ameaça da poluição chinesa, um exercício de prospectiva

A China será responsável, na próxima década, por um acréscimo significativo da poluição global e, tendo a mesma origem (um preocupante desenvolvimento insustentável), por grande fatia do consumo de recursos.

A CARMA, uma organização que controla as emissões de carbono para a atmosfera, revela agora que o país vai aumentar em 60% as suas emissões poluentes, na próxima década, sendo já o segundo maior poluidor do mundo, logo atrás dos Estados Unidos(país que, apesar de alguma intransigência, começa já a dar sinais de um entendimento de ter chegado o esgotamento do actual modelo energético, assente sobretudo no petróleo).

Quatro empresas de energia chinesas estão na lista dos 10 maiores poluidores do planeta. Estados Unidos e Alemanha surgem com duas empresas cada, e África do Sul e Índia encerram a lista com uma empresa cada.

Pequim prevê construir de futuro mais centrais nucleares, que não emitem gases de estufa, mas colocam sérios problemas ao nível da segurança do armazenamento urânio utilizado.

Sobre estes dados importa referir um aspecto importante: o crescimento da China como potência global ameaça ainda mais o fraco equilíbrio entre os recursos disponíveis e necessários e, pior, fere de morte, aos actuais ritmos de crescimento, quaisquer esforço de contenção da ameaça da poluição.

Sem querer, de modo algum, defender que se deve impedir o desenvolvimento dos países, importa saber até que ponto o globo está preparado para suportar a hipótese de um terço da população mundial começar, dentro de poucos anos, a consumir recursos ao ritmo das famílias norte-americanas.

Ainda que os Estados Unidos se venham a esforçar por reduzir a sua "pegada ecológica", a situação continuará a deteriorar-se.

Face à ameaça ecológica chinesa é previsível uma reacção dos outros países, nomeadamente, sob a forma de sanções. Isto cria outro problema, talvez perigosamente pior do que o precedente. Isolar a China pode levá-la a agir de um modo inesperado, o que teria forçosamente implicações globais, dado, em particular, o forte empenho financeiro da economia global neste país.

Exige-se hoje um esforço para perceber três pontos fundamentais:

1. Como se desenha verdadeiramente o desenvolvimento económico chinês?

2. Que solução para múltiplos cenários que podem ser despoletados pela crise ecológica que se avizinha?

3. Como estimular a China a mudar o seu modelo de crescimento, sem pôr em causa aspirações legítimas, do ponto de vista comercial, mas forçando-a a alterar, quer o modo como se posiciona no mercado (questões de concorrência pouco leal), quer, sobretudo, o modo como consome?

Logicamente, neste quadro, os ameaçados têm também de dar o exemplo, de um modo coordenado e sério, e saber comunicar aos chineses essa intenção e esforço, a começar pelos Estados Unidos.

A Revolução Industrial chinesa chegou muito tarde. O ritmo actual de qualquer indústria é muito mais elevado e dificilmente permite travagens. O fenómeno chinês é na sua base muito igual ao que existiu na Era Industrial, com a diferença da escala,do tempo e da tecnologia. Aqueles que antes tudo fizeram por impedir o desenvolvimento industrial da China, lamentam agora e vão sofrer na pele por essa obstinação.

Monday, September 10, 2007

Teoria dos Azares Convenientes

Na linha da temática central deste blog, proponho uma primeira abordagem a uma teoria que apelidei de Teoria dos Azares Convenientes e que não é mais do que a aplicação da Inteligência Competitiva à problemática dos azares, em particular, de alguns azares muito convenientes:

Há azares e azares, mas os de mais sensível trato são aqueles que apelidaríamos de azares convenientes, nomeadamente e sobretudo, os azares convenientes para quem os tem e inconvenientes para quem, em virtude do azar alheio, fica prejudicado.

A conveniência do azar não é uma coisa abstracta, é, pelo contrário, uma ciência muito exacta que obedece a um cálculo muito rigoroso por parte de quem o tem. Um exemplo esclarecedor:

Está trânsito numa dada auto-estrada - isto pode ser facilmente constatável pelos serviços informativos -, o que faz com necessariamente cheguemos atrasados ao trabalho. Este poderá ser um azar conveniente se aproveitarmos para ainda ir tomar um café, sob a desculpa do trânsito, observável pelo prejudicado (o patrão), incapaz, face aos dados de que dispõe, de calcular o tempo que levaria o sujeito azarado a chegar ao trabalho sem desvios.

O exemplo dado é claro na delicadeza do assunto que nos propomos sumariamente teorizar e mais delicado se torna quando se torna mais complexo e estamos perante o que apelidaríamos de “sistema de azares convenientes”.

Chamamos a atenção para o facto de não nos referimos a azares inventados – isso é do domínio da mentira -, apenas nos referimos a azares reais, mas que acabam, em virtude da mera subtracção das desvantagens às vantagens, por se tornarem positivos (convenientes) para o azarado.

Todos nós já passámos por situações em que um azar se tornou conveniente e, certamente, muitas mais nos esperam no futuro, dado que os azares convenientes não são planeáveis, antes surgem com a oportunidade. “Há males que vêm por bem”, já teremos ouvido dizer, e também há azares.

A ausência de literatura sobre a matéria poderá ser compensada com a abundância de casos práticos que venham a permitir o enriquecimento desta teoria, ainda em fase de gestação.

Tuesday, July 10, 2007

IC - Intelligence, Protecção e Influência

A sociedade de informação, a globalização, a substituição de uma visão geopolítica por uma visão geoeconómica, o quadro generalizado de guerra económica com a informação como arma em que, segundo alguns autores, se transformou a nova economia, hipercompetitiva, veio impor a estados, organizações e indivíduos a necessidade de uma nova grelha de leitura, de um novo entendimento da dinâmica global – cada vez mais submetida a constrangimentos de ordem económica, com enormes repercussões na competitividade empresarial, e cada vez mais determinada pela informação. Neste quadro, o controlo da informação e a produção própria de informação, tornam-se fundamentais à sobrevivência, à adaptação ao meio.

A resposta a esta necessidade está precisamente na Inteligência Competitiva.

A Inteligência Competitiva resulta da interligação harmoniosa de três componentes fundamentais, com três objectivos complementares, a saber: a vigilância sistemática do ambiente competitivo, pela recolha tratamento e difusão de informação estratégica de apoio à decisão (intelligence); a protecção do património informacional face às ameaças externas, sobretudo de cariz informacional (desinformação, rumores, manipulação de informações); e a influência do meio, de modo a criar as condições favoráveis à prossecução dos desígnios estratégicos das empresas.

A primeira componente, a “intelligence”, ou o que os franceses apelidam de “veille”, vela, é muitas vezes de um modo redutor entendida como sinónimo de Inteligência Competitiva – bem mais abrangente, em particular na acepção francesa de "intelligence économique". Esta vela activa, esta recolha, tratamento e difusão de informações impõe-se num quadro hipercompetitivo, face a um contexto económico, político, social e cultural onde a informação se tornou principal matéria-prima e principal fonte de poder. Contra os riscos de caírem numa dependência informacional, as empresas devem dotar-se da capacidade de fazerem o seu próprio sentido deste novo contexto, constantemente em mudança e onde tudo sucede, na quase ausência de constrangimentos de espaço e de tempo, e a um ritmo acelerado.

A sociedade da informação comporta riscos e sobretudo no campo económico importa observá-la também como sociedade do segredo, geradora de conflitos. Por considerarmos a existência de uma violência económica generalizada, impulsionada por uma deslocação do campo económico para o centro de gravidade das dialécticas de poder e pelo acentuado e explícito fim do apoliticismo económico, é necessária a protecção dos bens informacionais, segunda componente da Inteligência Competitiva.

Por fim, a influência é a pedra de toque desta abordagem inteligente à gestão da informação e do ambiente competitivo. Mais que observar os movimentos dos outros, a agitação do meio, importa verdadeiramente fazer impor a estratégia – e aqui entram em campo a guerra de informação e a guerra cognitiva.

Christian Harbulot e Didier Lucas, da École de Guerre Économique, dizem-nos que a busca de poder, por parte de estados e empresas, para a dominação durável, compreende duas fases estratégicas complementares e indissociáveis, com origem na guerra da informação (acções físicas) e da guerra cognitiva (acções psicológicas). “As acções de guerra da informação que englobam o conjunto de processos de intoxicação, desinformação, manipulação e de destabilização têm lugar em simultâneo com as relevantes aos conflitos cognitivos – alteração dos sentidos e dos símbolos”. Lançados em simultâneo, em larga escala e sobre todo o contexto (geopolítico, geoeconómico, concorrencial e social) estas operações contribuem para assegurar uma cumplicidade inconsciente (que se distingue da submissão livremente consentida) de actores identificados de um modo preciso e assim fazer valer sobre o meio os desígnios estratégicos dos estados e das empresas.

Intelligence, Protecção e Influência. A adopção de uma abordagem inteligente à gestão da informação é condição sine qua non para a existência de uma verdadeira gestão estratégica. Embora seja verdade que muitos gestores, de um modo espontâneo, procuram saber o que está a acontecer à sua volta, só uma sistematização e gestão metódica da informação permite dar às empresas informação de real e elevado valor acrescentado.

A evolução da IC e adopção, em particular, pelas grandes empresas, das principais potencias económicas mundiais, não devia ser desconhecida e, muito menos, indiferente aos gestores portugueses. Ainda que possa existir já um conjunto de práticas implementadas, não é suficiente.

Afinal, a IC procura dar a informação certa, no momento certo, ao decisor, para que este possa tomar decisões por antecipação e não por mera reacção ao que se passa. A mais valia desta abordagem é por demais evidente para que não seja tida em conta.

É tempo de pôr de lado a letargia e a eterna confiança no desenrasca, a que os nossos amigos brasileiros chamam de "jeitinho". Não deixa de ser importante a capacidade inata para o desenrasca, talvez possa até servir uma gestão mais táctica ou operacional, mas para fazer impor uma estratégia é preciso um pouco mais: é preciso ter uma visão sustentada em bases sólidas, em informação trabalhada até ao ponto de permitir reduzir, em larga escala, a incerteza. E para obter essa informação trabalhada é preciso...trabalho, método, inteligência...competitiva.

Friday, May 11, 2007

EADS há muitas…

Descobri há pouco que temos em Portugal uma EADS… mais propriamente a Estrutura de Análise do Desenvolvimento Social do POEFDS - Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social e que será certamente relevante no trabalho que realiza…

Já os alemães e franceses têm a EADS, líder mundial no aeroespacial, defesa e serviços relacionados… coisa de pouco relevo, portanto.

É caso para dizer: cada um tem a EADS que merece…

Friday, May 4, 2007

No CLARO:

O CLARO, sempre atento, aqui dá conta de uma entrevista exclusiva à TDSNews "com o grande guru da Inteligência Económica, Christian Harbulot, director da École de Guerre Économique, de Paris".



Friday, April 27, 2007

No Jornal de Negócios

Monday, March 26, 2007

Falha de Inteligência


Failure of Intelligence

Autor: Red Nose Studios

Desenhado a propósito das falhas de inteligência no Médio Oriente e na luta contra o terrorismo este cartoon aplica-se também à miopia de muitos que no campo económico não vêem mais do que a sua própria sombra. Talvez não tenham percebido ainda que a "bomba económica" já lhes caiu em cima e que agora importa olhar o mundo sobre um outro ponto de vista mais macroscópico e menos microscópico.

Cegos aqueles que não viram chegar a China e continuaram - existem ainda uns "bravos" que continuam a insistir neste modelo - a apostar no textil barato e nas restantes indústrias de mão-de-obra intensiva, defendendo, como Pinho fez "oportunamente" junto desses super-assalariados chineses, que a mão de obra barata portuguesa é uma vantagem competitiva. Compreensível a nobre ideia de manter a taxa de desemprego baixa (à custa de subsídios de efeito duvidoso)- vem-me invariavelmente à cabeça quando penso nisto a ideia de eleições -, incompreensível a falta de inteligência em perceber que esse caminho apenas levaria a uma inevitável falência do modelo económico português incapaz de responder hoje aos desafios que se colocam. O fecho de fábricas das indústrias de mão-de-obra intensiva no nosso país era uma inevitabilidade previsível.

Infeliz do país que hoje apenas tenha para vender mão de obra barata e, note-se bem, mesmo a China está já a procurar inverter os seus factores de vantagem competitiva e pretende, com os apoios estatais a irem nesse sentido, passar do "Made in China" ao "Made By China", com ganhos significativos, dado o valor acrescentado dos produtos. Claro que neste caso a mão-de-obra barata chinesa vai continuar a ser um factor de vantagem, mas é importante perceber que China está já a virar-se para indústrias de mão-de-obra especializada e tem como objectivo claro aumentar o peso dessas indústrias nas exportações.

Sunday, March 25, 2007

Guerra Económica no CM


No editorial de hoje do Correio da Manhã, Manuel Queiroz, subdirector, a propósito dos 50 anos de Europa unida fala de desunião e daquele que será o grande desafio "nos próximos 20 anos": a guerra económica.

"
A Comunidade Económica Europeia foi um caminho pela paz e pela prosperidade. Chegou-se a ambas. Mas na vida nada é adquirido e outros arranjaram maneira de serem mais competitivos do que nós, mais ágeis, e fazem-nos uma guerra económica a que não sabemos responder.

É essa guerra económica que é o desafio da UE dos próximos vinte anos. É uma guerra por outros meios, mas guerra ainda assim".

Este texto de Manuel Queiroz tem a virtude de falar daquilo que poucos querem e gostam de falar nesta Europa Unida. A união pacificadora, promotora de trocas, transporta também, tal como nos espaços não europeus, uma nova forma de confronto generalizado entre as nações - que desde sempre existiu, mas que actualmente se sobrepõe ao conflito tradicional, cada vez mais localizado -, uma guerra económica global.

De facto, é na esfera económica que se situa o desafio dos próximos anos. E para que a UE consiga lidar com esta nova realidade precisa de libertar-se de uma visão angelical das relações internacionais e perceber que o apelo à paz e união não é incompatível de um esforço de afirmação económica segundo as novas regras do jogo. Porque o quadro actual é de guerra económica entre aliados políticos, é necessária uma clara separação das águas para se sair vitorioso.

Sobre a Guerra Económica

A guerra económica é defendida por autores de uma escola de pensamento que se baseia na constatação da existência de uma forma de violência económica, caso do general Harbulot.

Embora muitos questionem a utilização do termo guerra económica para designar a competição entre empresas e nações, pautada por afrontamentos muitas vezes duríssimos e que recorrem a métodos ilegais, a verdade é que o entendimento destes afrontamentos como ameaças económicas levaram países, como os Estados Unidos ou a França, a criarem comissões para a segurança e competitividade económica.

Alguns autores entendem que o confronto económico deve ser sobretudo considerado em termos de oportunidades, ameaças e riscos, mas a verdade é que, sem deixar de concordar com Franck Bulinge que não são comparáveis os milhões de mortos da Primeira Guerra Mundial com despedimentos, à luz daquilo que é hoje o quadro global, a economia é, sem dúvida, o palco por excelência de uma nova guerra mundial com impactos sociais reais e, pese indirectamente, também potenciadora de mortes humanas.

Embora considere compreensível a perspectiva de Bulinge que "os princípios da guerra económica transportam os germes de uma violência susceptível de legitimar o emprego de técnicas e métodos contrários à ética da proposta da inteligência económica", é preciso enquadrar que na componente de protecção da inteligência económica as empresas devem ter em conta os riscos provenientes de métodos ilegais, sem que necessariamente isso as legitime a recorrerem a esses mesmos métodos. Logo, é no meu entender preferível aperceber a competição económica em toda a sua amplitude e, neste caso concreto, como uma guerra, com uma lógica semelhante aos conflitos tradicionais, sem, no entanto, considerar que a dureza possa ser directamente comparável à dos confrontos belicistas. O que é preciso é colocar essa dureza em perspectiva face a uma nova realidade global onde para a grande maioria “morrer pela pátria” já não é uma opção.

De um modo relativo, são de facto comparáveis os confrontos tradicionais (pela força das armas) de ontem com os confrontos económicos (sobretudo pela força da informação e da comunicação, embora também das armas), de hoje.

Ainda que alguns prefiram a designação segurança económica julgo ser não só apropriada como também necessária a noção da existência de uma guerra económica que recorre a métodos de desinformação, de manipulação e também de destruição.

Só percebendo o que está em jogo e forma como este se desenrola é possível superar os desafios vindouros. Podemos começar por falar claro sobre estes assuntos...

Wednesday, March 21, 2007

IE – Uma Questão de Bom Senso


Alain Juillet, Alto Responsável francês pela Inteligência Económica, num “chat”, realizado a 20 de Fevereiro no site les echos.fr, dá algumas pistas sobre a evolução da apreensão da Inteligência Económica em França, por parte dos empresários, sobre os desafios futuros e, em particular, fala daquele que, no seu entendimento, – e que é também a prática no país – deve ser o papel do Estado nesta matéria.

Em baixo deixo alguns pontos essenciais das declarações de Alain Juillet e, a quem possa interessar, pode ler mais aqui

Definição de IE

C'est la maîtrise et la protection de l'information stratégique utile pour pour tous les décideurs. Ce n’est pas du tout théorique, c'est très pratique et efficace”.

Sobre o papel do Estado

Tous les pays essaient d'aider et d'appuyer leurs entreprises face à la conccurence internationale. En réalité, le principal problème pour l'Etat est de veiller à ce que le combat concurrentiel se passe à armes égales. Je ne crois pas que l'on puisse dire que la France est en retard mais l'Etat ne peut pas se subtituer aux entreprises pour négocier ou construire leur compétitivité”.

La politique de l'Etat vise à permettre aux entreprises de pouvoir anticiper et réagir quand elles subissent des attaques ou essaient de gagner des contrats. C'est à elles de le faire dans le respect des lois françaises et européennes”.

Esta visão do papel do Estado não é, de todo, um apelo ao proteccionismo. Como refere Juillet, é uma questão de “bom senso”.

Tout Etat défend son intérêt et ses ressortissants dans la concurrence mondiale. Ceci n'a rien à voir avec le protectionnisme car c'est plutôt du bon sens. Ceci étant certains Etats sont plus offensifs que d'autres en particulier dans le domaine économique. N'oublions pas que la finalité des affrontements concurrentiels du point de vue de l'Etat, c'est l'emploi”.

O papel dos serviços de infomação/”intelligence”

Tous les services de renseignement et la gendarmerie ont un rôle à jouer dans l'IE car c'est eux qui assurent le contact avec les entreprises sur leur territoire de travail et c’est eux qui peuvent nous alerter en cas de problème. Dans ce cadre les RG par leur organisation nationale sont effectivement concernés. Il y a plus d'une dizaine d'agences américaines en contact avec les entreprises. Nous sommes donc dans un système assez proche des autres”.

Conhecer o outro é fundamental

La connaissance et la compréhension de l'autre sont essentiels dans le combat concurrentiel actuel que certains assimilent d'ailleurs à la guerre économique”.

Soluções Inteligentes a custo zero

Utiliser les moteurs de recherche gratuits et les portails et systèmes mis en place par les chambres de commerce. Un bon veilleur arrive à récupérer beaucoup d'informations sans les acheter”.

Monday, March 12, 2007

A abordagem portuguesa de informação e de intelligence por François Jeanne-Beylot

Depois, de Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido, François JEANNE-BEYLOT, no FJB - Weblog escolheu Portugal na sua volta ao Mundo das abordagens de informação e "intelligence".


Approches de l’information et du reseignement

(5: le Portugal)

Je poursuis aujourd'hui mon tour du Monde des approches de l’information et du renseignement, délaissé depuis quelque temps. Apres l'Espagne, l'Italie, l'Allemagne et le Royaume Uni, restons sur la péninsule ibérique pour s'interesser au Portugal.

Les Portugais ont une tradition oubliée du renseignement qui remonte à Dom Henrique, duc de Viseu, dit Henri le Navigateur (1394-1460). Henri est le fils du roi Jean Ier du Portugal et le frère d'Edouard Ier, onzième roi du pays. Henri fonda l’École de Navigation de Sagres et fut le grand animateur des Découvertes portugaises. Il avait notamment mis en place un système de veille sur les technologies maritimes, qui a donné l'avantage sur la mer aux Portugais pendant près d'un siècle.

On retrouve d'ailleurs sur le drapeau portugais une sphère jaune autour de l'écusson résumant de l’histoire du pays. Cette "sphère armillaire", représentation de l’univers soulignant plus précisément les différents trajets que les explorateurs portugais ont empruntés. Ainsi, elle symbolise les grandes découvertes des XVème et XVIème siècles.

La recherche de ressources était alors autant une motivation que l'esprit de découverte. Le cap Bojador, appelé aujourd’hui cap Boujdour, situé au Sahara Occidental, non loin des Canaries, était considéré comme la limite méridionale du monde. Sous l'impulsion d'Henri le Navigateur, les Portugais cherchaient une voie maritimes pour l'accès aux Indes et à la Chine pour les soieries et les épices. Celui-ci rassembla donc les meilleurs experts européens en construction navale, cartographes, astronomes et capitaines au sein de son École de Navigation. Il exige des capitaines qu'ils tiennent des livres de bord précis et détaillés, analysés par la suite par les experts. Ainsi est inventée la Caravelle et ce cap, réputé infranchissable, est passé en 1434 par le navigateur portugais Gil Eanes, ouvrant la voie aux explorations portugaises de l'Afrique. La progression vers le Sud est lancée, par la suite Vasco de Gama devient le premier Européen à arriver en Inde en contournant le Cap de Bonne Espérance en 1497, le jésuite portugais Matteo Ricci est le premier a rentrer en contact avec les Shoguns japonais en 1605.

Qu'en reste-t-il aujourd'hui ? La supprematie portugaise sur les mers a été fortement concurrencée par le Royaume Uni, l'empire colonial également.

Depuis 2004 plusieurs projets s'inscrivant dans le cadre de la construction d'une societe portugaise de l'information, conforme a la Strategie de Lisbonne de l'Union Europeenne. de gros budget ont ainsi été dégagés notamment pour financer les actions de l'Unite de Mission pour l'Innovation et la Connaissance). Cette agence ayant le statut juridique d'institut public a pour mission de planifier, coordonner et developper des projets dans le domaine de la societe d'information et du "gouvernement electronique".

La stratégie de Lisbonne constitue un premier pas d'une véritable politique d’intelligence économique dont la France s'est largement inspirée. A travers sa Stratégie de Lisbonne renouvelée, l'Union Européenne a choisi d'orienter son économie vers l'économie de la connaissance, en plaçant au coeur des priorités l'innovation et la recherche".


Biografia


François JEANNE-BEYLOT

Passioné par l'information et plus particulièrement ses voies de circulation, j'ai fondé en 2000 la société TROOVER (www.troover.com), spécialisée dans la recherche d'information, l'intelligence économique et la veille sur Internet.

Chargé de cours dans différents centres de formation, écoles et conférences : IUT Paris V, Collège InterArmées de Défense (anciennes Ecoles de Guerre), Institut Supérieur de la Mode, Ecole Supérieure de Vente, Ecole de Guerre Economique, etc.

Diplomes :
Mastère spécialisé en Intelligence Economique
DEA veille technologique

Inteligência Económica na Argélia

A Argélia começa a perceber o contexto global onde se encontra e quer estar inserida e por isso pretende inscrever-se numa "economia inteligente". Os primeiros passos estão a ser dados e incluem a criação de uma escola de Inteligência Económica já em Setembro, numa parceria com a Escola Europeia de Inteligência Económica.

No Vtech

"L’Algérie doit s’inscrire dans une économie intelligente", diz o especialista argelino Zine El-Abidine Tabet

"Pour ce qui est du contenu et partant du fait que nous vivons dans un monde économique où la concurrence devient plus en plus agressive, l’intelligence économique doit constituer un savoir-faire nécessaire aux acteurs économiques, voire à l’Etat, qui leur permettra d’obtenir la bonne information stratégique afin de mieux comprendre l’environnement (commercial, social, technologique, etc.) et pour prendre la meilleure décision. D’un autre côté, il s’agit aussi d’apprendre à mieux protéger, chez nous, l’information sensible. C’est donc un moyen qui permet non seulement aux différents acteurs économiques de comprendre les mutations qui bouleversent le marché économique mondial mais de conquérir également de nouveaux marchés. Concernant l’approche, l’intelligence économique est un outil de recherche de l’information sur des domaines dits sensibles. Il est important de constater qu’en matière de recherche de l’information stratégique, l’intelligence économique utilise le même processus de recherche de l’information que celle utilisée par les services de sécurité quant à la collecte du renseignement."


L'Algérie et l'intelligence économique


Wednesday, March 7, 2007

China, maior ameaça "inteligente" aos EUA

Aqui está uma nota sobre a utilização da intelligence ao serviço da economia, no quadro de uma estratégia de afirmação global da China. O alvo: a tecnologia avançada dos Estados Unidos.

Na linha de espera para adquirir os segredos tecnológicos norte-americanos estão ainda Cuba, Rússia e Irão, segundo Joel Brenner, responsável máximo norte-americano do Office of National Counterintelligence Executive.


Ler mais...



Tuesday, March 6, 2007

O primeiro Post... e já agora o que é Inteligência Competitiva ou Económica

O primeiro "post" é importante, apenas porque assinala o início deste blog, de um trabalho que pretendo continuado e capaz de fazer despertar pelo menos o interesse - se não a acção - sobre as matérias de Inteligência Competitiva ou Económica e Guerra da Informação.

O mote: é precisa inteligência (tanto na acepção de informação accionável, como capacidade de raciocínio) e esta deve ser hoje usada, numa perspectiva estratégica, ao serviço da economia e da competitividade das empresas e dos países.

Comecemos então pelo princípio e com uma vénia ao blog português pioneiro nestas matérias: o CLARO, claro.

O QUE É A INTELIGÊNCIA COMPETITIVA OU ECONÓMICA?

Nesta economia global, onde a informação é a principal matéria-prima, a rapidez de aquisição e a capacidade de tratamento da informação assegura per si uma vantagem competitiva.

Como refere o relatório Martre, documento fundador da Inteligência Económica em França, a Inteligência Económica é o conjunto de acções de recolha, análise e de difusão de informação útil aos actores económicos. No entanto, estas acções não são suficientes num contexto actual de "guerra de informação". A Inteligência Económica permite que as empresas ajam sobre e modelem a sua envolvente, por via de acções de influência e de lobbying. Permite também proteger as empresas dos riscos e ameaças, sobretudo informacionais.

Mas, como refere Bulinge, permite também a obtenção de autonomia informacional, tão ou mais fundamental hoje quanto a autonomia energética, numa perspectiva que destaca a informação e produção de conhecimento como motores da economia.

Ética e deontológica, a IE compreende apenas acções legais, embora tenha de ter presente, na componente de protecção, todas as acções ilegais de acesso e recolha de informação.

A alteração do quadro geopolítico, em particular o fim do confronto frio entre os dois grandes blocos, colocou no primeiro plano de domínio geoestratégico a competição económica, hoje cada vez mais “guerra económica”. A globalização dos mercados, a aceleração sem precedentes das alterações tecnológicas agitaram e continuam a agitar a envolvente económica, cada vez mais politizada (ironia da liberalização dos mercados). Neste jogo, a super-potência norte-americana leva já um avanço considerável.

O novo quadro, dinâmico e interactivo, veio tornar mais complexos os mercados e as condições de concorrência. As empresas precisam hoje de adaptar-se às novas regras do jogo, proteger-se das novas ameaças (sobretudo informacionais) e procurar antecipar ou, mais importante, construir as condições que potenciem as oportunidades.

A informação é hoje a principal matéria-prima da estratégia. Depois de um processo de recolha, validação, tratamento, e difusão orientada para os decisores a informação torna-se "intelligence" de alto valor acrescentado que permite uma tomada de decisão e de opções mais adaptadas aos desafios do meio.

Em suma a IE impõe uma nova grelha de leitura do contexto, não só para o perceber e antecipar nos "sinais fracos" as ameaças e oportunidades, mas para o podermos transformar e melhor moldar à nossa semelhança, à semelhança da estratégia de cada país (neste caso, dos outros, porque a do nosso parece inexistente ou então está escondida) ou de cada empresa.

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