Friday, November 16, 2007

Ameaça da poluição chinesa, um exercício de prospectiva

A China será responsável, na próxima década, por um acréscimo significativo da poluição global e, tendo a mesma origem (um preocupante desenvolvimento insustentável), por grande fatia do consumo de recursos.

A CARMA, uma organização que controla as emissões de carbono para a atmosfera, revela agora que o país vai aumentar em 60% as suas emissões poluentes, na próxima década, sendo já o segundo maior poluidor do mundo, logo atrás dos Estados Unidos(país que, apesar de alguma intransigência, começa já a dar sinais de um entendimento de ter chegado o esgotamento do actual modelo energético, assente sobretudo no petróleo).

Quatro empresas de energia chinesas estão na lista dos 10 maiores poluidores do planeta. Estados Unidos e Alemanha surgem com duas empresas cada, e África do Sul e Índia encerram a lista com uma empresa cada.

Pequim prevê construir de futuro mais centrais nucleares, que não emitem gases de estufa, mas colocam sérios problemas ao nível da segurança do armazenamento urânio utilizado.

Sobre estes dados importa referir um aspecto importante: o crescimento da China como potência global ameaça ainda mais o fraco equilíbrio entre os recursos disponíveis e necessários e, pior, fere de morte, aos actuais ritmos de crescimento, quaisquer esforço de contenção da ameaça da poluição.

Sem querer, de modo algum, defender que se deve impedir o desenvolvimento dos países, importa saber até que ponto o globo está preparado para suportar a hipótese de um terço da população mundial começar, dentro de poucos anos, a consumir recursos ao ritmo das famílias norte-americanas.

Ainda que os Estados Unidos se venham a esforçar por reduzir a sua "pegada ecológica", a situação continuará a deteriorar-se.

Face à ameaça ecológica chinesa é previsível uma reacção dos outros países, nomeadamente, sob a forma de sanções. Isto cria outro problema, talvez perigosamente pior do que o precedente. Isolar a China pode levá-la a agir de um modo inesperado, o que teria forçosamente implicações globais, dado, em particular, o forte empenho financeiro da economia global neste país.

Exige-se hoje um esforço para perceber três pontos fundamentais:

1. Como se desenha verdadeiramente o desenvolvimento económico chinês?

2. Que solução para múltiplos cenários que podem ser despoletados pela crise ecológica que se avizinha?

3. Como estimular a China a mudar o seu modelo de crescimento, sem pôr em causa aspirações legítimas, do ponto de vista comercial, mas forçando-a a alterar, quer o modo como se posiciona no mercado (questões de concorrência pouco leal), quer, sobretudo, o modo como consome?

Logicamente, neste quadro, os ameaçados têm também de dar o exemplo, de um modo coordenado e sério, e saber comunicar aos chineses essa intenção e esforço, a começar pelos Estados Unidos.

A Revolução Industrial chinesa chegou muito tarde. O ritmo actual de qualquer indústria é muito mais elevado e dificilmente permite travagens. O fenómeno chinês é na sua base muito igual ao que existiu na Era Industrial, com a diferença da escala,do tempo e da tecnologia. Aqueles que antes tudo fizeram por impedir o desenvolvimento industrial da China, lamentam agora e vão sofrer na pele por essa obstinação.
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