Friday, August 8, 2008

Crescimento Económico VS Inflação

A nossa realidade ...


Banco Central Europeu mantém taxas em 4,25%

O crescimento económico da Zona Euro vai ser "substancialmente mais fraco" do que o previsto, reconheceu ontem Jean-Claude Trichet, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), fechando a porta, para já, a uma nova subida dos juros. Mas avisou que a inflação, "ainda a níveis inquietantes", continua a ser a prioridade.


O BCE, que ontem manteve as taxas directoras inalteradas em 4,25%, vai "continuar a monitorizar os desenvolvimentos" no que respeita à inflação e aos seus efeitos secundários, bem como no que respeita ao crescimento económico.

A 14 de Agosto deverá ser publicada a primeira estimativa do produto interno bruto (PIB) da Zona Euro para o segundo trimestre. E os números deverão ser substancialmente inferiores aos 0,7% dos primeiros três meses deste ano.

A realidade dos outros...

Fed mantém juros em 2%, apesar dos riscos da inflação nos EUA

O Federal Reserve (Fed, banco central americano) manteve hoje a taxa base de juros em 2%, enquanto a inflação acelera e a actividade económica dos Estados Unidos continua fraca.

"Embora persistam os riscos de desaceleração do crescimento económico, os riscos de inflação também são causa de preocupação significativa", disse o Fed.

A "actividade económica expandiu no segundo trimestre", embora seja atribuído o aumento, em parte, ao crescimento da despesa dos consumidores e das exportações. O Produto Interno Bruto (PIB) americano, que no primeiro trimestre foi de 0,6%, alcançou, entre Abril e Junho, um ritmo anual de 1,9% .

Apesar da economia americana ter perdido, entre Janeiro e Julho, cerca de 483 mil postos de trabalho, e a taxa de desemprego ter subido para 5,7% , o banco central preferiu não elevar os juros, apesar dos perigos da inflação, para não prejudicar o crescimento económico.

Dois pesos e duas medidas

Dos dois lados do Atlântico os indicadores económicos têm pesos diferentes e as medidas adoptadas são antagónicas, com resultados que afectam menos as famílias, nos estados unidos, e algumas famílias, na Europa.

"Faremos certamente o que for necessário para garantir a estabilidade dos preços". Palavras de Claude Trichet, há boa maneira alemã. Já nos Estados Unidos, entende-se que é preferível que as famílias não sofram com uma subida dos empréstimos habitação, por norma o maior encargo individual mensal em percentagem do rendimento disponível, para assegurar a manutenção do consumo e o crescimento económicos, pese os problemas provocados pela alta da energia.

Como todos sabemos uma redução da taxa pode acelerar a inflação, enquanto um aumento encareceria os créditos e dificultaria o financiamento das empresas e das famílias, o que resfria o crescimento. Sabendo isto, há que optar.E em termos de competitividade, que é o que tratamos sobretudo neste blog, a opção dos EUA aparenta ser mais sensata, como comprovam os indicadores.

Embora tenha havido subida do desemprego e da inflação, o PIB está nos 1,9% - e a actividade económica dos Estados Unidos continua fraca -, aumentaram as exportações, com a juda da mania do euro forte, enquanto na Europa Trichet está aparentemente satisfeito com números abaixo dos 0,7% do PIB, desde que se restrinja a desgraçada da inflação, para que os europeus não paguem mais oito ou nove euros numa compra de 200 no supermercado e possam pagar mais 100 ou 200 euros na conta da casa, do escritório, da loja...

Esta não é uma questão ligeira, nem nos compete julgar se uma posição é melhor ou pior que outra do ponto de visto técnico, agora não deixam de ser visíveis os resultados de cada opção e sobre esses temos uma opinião clara. Pese o perigo inflacionista, a actual política económica europeia, como já alertaram muitos responsáveis políticos, vai continuar a provocar a perda de competitividade e as famílias, bem como as empresas, vão ter cada vez mais a dever ao final do mês (pois, ao contrário do que se pretendia com a subida das taxas de juro, continuam a recorrer e correr ao crédito, desta feita não para pagar viagens e outros "luxos necessários" - nas palavras de alguns irresponsáveis - mas para pagar outros créditos...

Veremos a evolução, nos dois lados, para ver quem melhor ganha à crise...
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