Monday, March 26, 2007

Falha de Inteligência


Failure of Intelligence

Autor: Red Nose Studios

Desenhado a propósito das falhas de inteligência no Médio Oriente e na luta contra o terrorismo este cartoon aplica-se também à miopia de muitos que no campo económico não vêem mais do que a sua própria sombra. Talvez não tenham percebido ainda que a "bomba económica" já lhes caiu em cima e que agora importa olhar o mundo sobre um outro ponto de vista mais macroscópico e menos microscópico.

Cegos aqueles que não viram chegar a China e continuaram - existem ainda uns "bravos" que continuam a insistir neste modelo - a apostar no textil barato e nas restantes indústrias de mão-de-obra intensiva, defendendo, como Pinho fez "oportunamente" junto desses super-assalariados chineses, que a mão de obra barata portuguesa é uma vantagem competitiva. Compreensível a nobre ideia de manter a taxa de desemprego baixa (à custa de subsídios de efeito duvidoso)- vem-me invariavelmente à cabeça quando penso nisto a ideia de eleições -, incompreensível a falta de inteligência em perceber que esse caminho apenas levaria a uma inevitável falência do modelo económico português incapaz de responder hoje aos desafios que se colocam. O fecho de fábricas das indústrias de mão-de-obra intensiva no nosso país era uma inevitabilidade previsível.

Infeliz do país que hoje apenas tenha para vender mão de obra barata e, note-se bem, mesmo a China está já a procurar inverter os seus factores de vantagem competitiva e pretende, com os apoios estatais a irem nesse sentido, passar do "Made in China" ao "Made By China", com ganhos significativos, dado o valor acrescentado dos produtos. Claro que neste caso a mão-de-obra barata chinesa vai continuar a ser um factor de vantagem, mas é importante perceber que China está já a virar-se para indústrias de mão-de-obra especializada e tem como objectivo claro aumentar o peso dessas indústrias nas exportações.

Sunday, March 25, 2007

Guerra Económica no CM


No editorial de hoje do Correio da Manhã, Manuel Queiroz, subdirector, a propósito dos 50 anos de Europa unida fala de desunião e daquele que será o grande desafio "nos próximos 20 anos": a guerra económica.

"
A Comunidade Económica Europeia foi um caminho pela paz e pela prosperidade. Chegou-se a ambas. Mas na vida nada é adquirido e outros arranjaram maneira de serem mais competitivos do que nós, mais ágeis, e fazem-nos uma guerra económica a que não sabemos responder.

É essa guerra económica que é o desafio da UE dos próximos vinte anos. É uma guerra por outros meios, mas guerra ainda assim".

Este texto de Manuel Queiroz tem a virtude de falar daquilo que poucos querem e gostam de falar nesta Europa Unida. A união pacificadora, promotora de trocas, transporta também, tal como nos espaços não europeus, uma nova forma de confronto generalizado entre as nações - que desde sempre existiu, mas que actualmente se sobrepõe ao conflito tradicional, cada vez mais localizado -, uma guerra económica global.

De facto, é na esfera económica que se situa o desafio dos próximos anos. E para que a UE consiga lidar com esta nova realidade precisa de libertar-se de uma visão angelical das relações internacionais e perceber que o apelo à paz e união não é incompatível de um esforço de afirmação económica segundo as novas regras do jogo. Porque o quadro actual é de guerra económica entre aliados políticos, é necessária uma clara separação das águas para se sair vitorioso.

Sobre a Guerra Económica

A guerra económica é defendida por autores de uma escola de pensamento que se baseia na constatação da existência de uma forma de violência económica, caso do general Harbulot.

Embora muitos questionem a utilização do termo guerra económica para designar a competição entre empresas e nações, pautada por afrontamentos muitas vezes duríssimos e que recorrem a métodos ilegais, a verdade é que o entendimento destes afrontamentos como ameaças económicas levaram países, como os Estados Unidos ou a França, a criarem comissões para a segurança e competitividade económica.

Alguns autores entendem que o confronto económico deve ser sobretudo considerado em termos de oportunidades, ameaças e riscos, mas a verdade é que, sem deixar de concordar com Franck Bulinge que não são comparáveis os milhões de mortos da Primeira Guerra Mundial com despedimentos, à luz daquilo que é hoje o quadro global, a economia é, sem dúvida, o palco por excelência de uma nova guerra mundial com impactos sociais reais e, pese indirectamente, também potenciadora de mortes humanas.

Embora considere compreensível a perspectiva de Bulinge que "os princípios da guerra económica transportam os germes de uma violência susceptível de legitimar o emprego de técnicas e métodos contrários à ética da proposta da inteligência económica", é preciso enquadrar que na componente de protecção da inteligência económica as empresas devem ter em conta os riscos provenientes de métodos ilegais, sem que necessariamente isso as legitime a recorrerem a esses mesmos métodos. Logo, é no meu entender preferível aperceber a competição económica em toda a sua amplitude e, neste caso concreto, como uma guerra, com uma lógica semelhante aos conflitos tradicionais, sem, no entanto, considerar que a dureza possa ser directamente comparável à dos confrontos belicistas. O que é preciso é colocar essa dureza em perspectiva face a uma nova realidade global onde para a grande maioria “morrer pela pátria” já não é uma opção.

De um modo relativo, são de facto comparáveis os confrontos tradicionais (pela força das armas) de ontem com os confrontos económicos (sobretudo pela força da informação e da comunicação, embora também das armas), de hoje.

Ainda que alguns prefiram a designação segurança económica julgo ser não só apropriada como também necessária a noção da existência de uma guerra económica que recorre a métodos de desinformação, de manipulação e também de destruição.

Só percebendo o que está em jogo e forma como este se desenrola é possível superar os desafios vindouros. Podemos começar por falar claro sobre estes assuntos...

Wednesday, March 21, 2007

IE – Uma Questão de Bom Senso


Alain Juillet, Alto Responsável francês pela Inteligência Económica, num “chat”, realizado a 20 de Fevereiro no site les echos.fr, dá algumas pistas sobre a evolução da apreensão da Inteligência Económica em França, por parte dos empresários, sobre os desafios futuros e, em particular, fala daquele que, no seu entendimento, – e que é também a prática no país – deve ser o papel do Estado nesta matéria.

Em baixo deixo alguns pontos essenciais das declarações de Alain Juillet e, a quem possa interessar, pode ler mais aqui

Definição de IE

C'est la maîtrise et la protection de l'information stratégique utile pour pour tous les décideurs. Ce n’est pas du tout théorique, c'est très pratique et efficace”.

Sobre o papel do Estado

Tous les pays essaient d'aider et d'appuyer leurs entreprises face à la conccurence internationale. En réalité, le principal problème pour l'Etat est de veiller à ce que le combat concurrentiel se passe à armes égales. Je ne crois pas que l'on puisse dire que la France est en retard mais l'Etat ne peut pas se subtituer aux entreprises pour négocier ou construire leur compétitivité”.

La politique de l'Etat vise à permettre aux entreprises de pouvoir anticiper et réagir quand elles subissent des attaques ou essaient de gagner des contrats. C'est à elles de le faire dans le respect des lois françaises et européennes”.

Esta visão do papel do Estado não é, de todo, um apelo ao proteccionismo. Como refere Juillet, é uma questão de “bom senso”.

Tout Etat défend son intérêt et ses ressortissants dans la concurrence mondiale. Ceci n'a rien à voir avec le protectionnisme car c'est plutôt du bon sens. Ceci étant certains Etats sont plus offensifs que d'autres en particulier dans le domaine économique. N'oublions pas que la finalité des affrontements concurrentiels du point de vue de l'Etat, c'est l'emploi”.

O papel dos serviços de infomação/”intelligence”

Tous les services de renseignement et la gendarmerie ont un rôle à jouer dans l'IE car c'est eux qui assurent le contact avec les entreprises sur leur territoire de travail et c’est eux qui peuvent nous alerter en cas de problème. Dans ce cadre les RG par leur organisation nationale sont effectivement concernés. Il y a plus d'une dizaine d'agences américaines en contact avec les entreprises. Nous sommes donc dans un système assez proche des autres”.

Conhecer o outro é fundamental

La connaissance et la compréhension de l'autre sont essentiels dans le combat concurrentiel actuel que certains assimilent d'ailleurs à la guerre économique”.

Soluções Inteligentes a custo zero

Utiliser les moteurs de recherche gratuits et les portails et systèmes mis en place par les chambres de commerce. Un bon veilleur arrive à récupérer beaucoup d'informations sans les acheter”.

Monday, March 12, 2007

A abordagem portuguesa de informação e de intelligence por François Jeanne-Beylot

Depois, de Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido, François JEANNE-BEYLOT, no FJB - Weblog escolheu Portugal na sua volta ao Mundo das abordagens de informação e "intelligence".


Approches de l’information et du reseignement

(5: le Portugal)

Je poursuis aujourd'hui mon tour du Monde des approches de l’information et du renseignement, délaissé depuis quelque temps. Apres l'Espagne, l'Italie, l'Allemagne et le Royaume Uni, restons sur la péninsule ibérique pour s'interesser au Portugal.

Les Portugais ont une tradition oubliée du renseignement qui remonte à Dom Henrique, duc de Viseu, dit Henri le Navigateur (1394-1460). Henri est le fils du roi Jean Ier du Portugal et le frère d'Edouard Ier, onzième roi du pays. Henri fonda l’École de Navigation de Sagres et fut le grand animateur des Découvertes portugaises. Il avait notamment mis en place un système de veille sur les technologies maritimes, qui a donné l'avantage sur la mer aux Portugais pendant près d'un siècle.

On retrouve d'ailleurs sur le drapeau portugais une sphère jaune autour de l'écusson résumant de l’histoire du pays. Cette "sphère armillaire", représentation de l’univers soulignant plus précisément les différents trajets que les explorateurs portugais ont empruntés. Ainsi, elle symbolise les grandes découvertes des XVème et XVIème siècles.

La recherche de ressources était alors autant une motivation que l'esprit de découverte. Le cap Bojador, appelé aujourd’hui cap Boujdour, situé au Sahara Occidental, non loin des Canaries, était considéré comme la limite méridionale du monde. Sous l'impulsion d'Henri le Navigateur, les Portugais cherchaient une voie maritimes pour l'accès aux Indes et à la Chine pour les soieries et les épices. Celui-ci rassembla donc les meilleurs experts européens en construction navale, cartographes, astronomes et capitaines au sein de son École de Navigation. Il exige des capitaines qu'ils tiennent des livres de bord précis et détaillés, analysés par la suite par les experts. Ainsi est inventée la Caravelle et ce cap, réputé infranchissable, est passé en 1434 par le navigateur portugais Gil Eanes, ouvrant la voie aux explorations portugaises de l'Afrique. La progression vers le Sud est lancée, par la suite Vasco de Gama devient le premier Européen à arriver en Inde en contournant le Cap de Bonne Espérance en 1497, le jésuite portugais Matteo Ricci est le premier a rentrer en contact avec les Shoguns japonais en 1605.

Qu'en reste-t-il aujourd'hui ? La supprematie portugaise sur les mers a été fortement concurrencée par le Royaume Uni, l'empire colonial également.

Depuis 2004 plusieurs projets s'inscrivant dans le cadre de la construction d'une societe portugaise de l'information, conforme a la Strategie de Lisbonne de l'Union Europeenne. de gros budget ont ainsi été dégagés notamment pour financer les actions de l'Unite de Mission pour l'Innovation et la Connaissance). Cette agence ayant le statut juridique d'institut public a pour mission de planifier, coordonner et developper des projets dans le domaine de la societe d'information et du "gouvernement electronique".

La stratégie de Lisbonne constitue un premier pas d'une véritable politique d’intelligence économique dont la France s'est largement inspirée. A travers sa Stratégie de Lisbonne renouvelée, l'Union Européenne a choisi d'orienter son économie vers l'économie de la connaissance, en plaçant au coeur des priorités l'innovation et la recherche".


Biografia


François JEANNE-BEYLOT

Passioné par l'information et plus particulièrement ses voies de circulation, j'ai fondé en 2000 la société TROOVER (www.troover.com), spécialisée dans la recherche d'information, l'intelligence économique et la veille sur Internet.

Chargé de cours dans différents centres de formation, écoles et conférences : IUT Paris V, Collège InterArmées de Défense (anciennes Ecoles de Guerre), Institut Supérieur de la Mode, Ecole Supérieure de Vente, Ecole de Guerre Economique, etc.

Diplomes :
Mastère spécialisé en Intelligence Economique
DEA veille technologique

Inteligência Económica na Argélia

A Argélia começa a perceber o contexto global onde se encontra e quer estar inserida e por isso pretende inscrever-se numa "economia inteligente". Os primeiros passos estão a ser dados e incluem a criação de uma escola de Inteligência Económica já em Setembro, numa parceria com a Escola Europeia de Inteligência Económica.

No Vtech

"L’Algérie doit s’inscrire dans une économie intelligente", diz o especialista argelino Zine El-Abidine Tabet

"Pour ce qui est du contenu et partant du fait que nous vivons dans un monde économique où la concurrence devient plus en plus agressive, l’intelligence économique doit constituer un savoir-faire nécessaire aux acteurs économiques, voire à l’Etat, qui leur permettra d’obtenir la bonne information stratégique afin de mieux comprendre l’environnement (commercial, social, technologique, etc.) et pour prendre la meilleure décision. D’un autre côté, il s’agit aussi d’apprendre à mieux protéger, chez nous, l’information sensible. C’est donc un moyen qui permet non seulement aux différents acteurs économiques de comprendre les mutations qui bouleversent le marché économique mondial mais de conquérir également de nouveaux marchés. Concernant l’approche, l’intelligence économique est un outil de recherche de l’information sur des domaines dits sensibles. Il est important de constater qu’en matière de recherche de l’information stratégique, l’intelligence économique utilise le même processus de recherche de l’information que celle utilisée par les services de sécurité quant à la collecte du renseignement."


L'Algérie et l'intelligence économique


Wednesday, March 7, 2007

China, maior ameaça "inteligente" aos EUA

Aqui está uma nota sobre a utilização da intelligence ao serviço da economia, no quadro de uma estratégia de afirmação global da China. O alvo: a tecnologia avançada dos Estados Unidos.

Na linha de espera para adquirir os segredos tecnológicos norte-americanos estão ainda Cuba, Rússia e Irão, segundo Joel Brenner, responsável máximo norte-americano do Office of National Counterintelligence Executive.


Ler mais...



Tuesday, March 6, 2007

O primeiro Post... e já agora o que é Inteligência Competitiva ou Económica

O primeiro "post" é importante, apenas porque assinala o início deste blog, de um trabalho que pretendo continuado e capaz de fazer despertar pelo menos o interesse - se não a acção - sobre as matérias de Inteligência Competitiva ou Económica e Guerra da Informação.

O mote: é precisa inteligência (tanto na acepção de informação accionável, como capacidade de raciocínio) e esta deve ser hoje usada, numa perspectiva estratégica, ao serviço da economia e da competitividade das empresas e dos países.

Comecemos então pelo princípio e com uma vénia ao blog português pioneiro nestas matérias: o CLARO, claro.

O QUE É A INTELIGÊNCIA COMPETITIVA OU ECONÓMICA?

Nesta economia global, onde a informação é a principal matéria-prima, a rapidez de aquisição e a capacidade de tratamento da informação assegura per si uma vantagem competitiva.

Como refere o relatório Martre, documento fundador da Inteligência Económica em França, a Inteligência Económica é o conjunto de acções de recolha, análise e de difusão de informação útil aos actores económicos. No entanto, estas acções não são suficientes num contexto actual de "guerra de informação". A Inteligência Económica permite que as empresas ajam sobre e modelem a sua envolvente, por via de acções de influência e de lobbying. Permite também proteger as empresas dos riscos e ameaças, sobretudo informacionais.

Mas, como refere Bulinge, permite também a obtenção de autonomia informacional, tão ou mais fundamental hoje quanto a autonomia energética, numa perspectiva que destaca a informação e produção de conhecimento como motores da economia.

Ética e deontológica, a IE compreende apenas acções legais, embora tenha de ter presente, na componente de protecção, todas as acções ilegais de acesso e recolha de informação.

A alteração do quadro geopolítico, em particular o fim do confronto frio entre os dois grandes blocos, colocou no primeiro plano de domínio geoestratégico a competição económica, hoje cada vez mais “guerra económica”. A globalização dos mercados, a aceleração sem precedentes das alterações tecnológicas agitaram e continuam a agitar a envolvente económica, cada vez mais politizada (ironia da liberalização dos mercados). Neste jogo, a super-potência norte-americana leva já um avanço considerável.

O novo quadro, dinâmico e interactivo, veio tornar mais complexos os mercados e as condições de concorrência. As empresas precisam hoje de adaptar-se às novas regras do jogo, proteger-se das novas ameaças (sobretudo informacionais) e procurar antecipar ou, mais importante, construir as condições que potenciem as oportunidades.

A informação é hoje a principal matéria-prima da estratégia. Depois de um processo de recolha, validação, tratamento, e difusão orientada para os decisores a informação torna-se "intelligence" de alto valor acrescentado que permite uma tomada de decisão e de opções mais adaptadas aos desafios do meio.

Em suma a IE impõe uma nova grelha de leitura do contexto, não só para o perceber e antecipar nos "sinais fracos" as ameaças e oportunidades, mas para o podermos transformar e melhor moldar à nossa semelhança, à semelhança da estratégia de cada país (neste caso, dos outros, porque a do nosso parece inexistente ou então está escondida) ou de cada empresa.

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