É um argumento repetido pelos defensores da austeridade até à exaustão, porque é o único sinal de melhoria que podem usar para a defender, mas, como bem explica Krugman, não há ligação directa entre a actual diminuição dos spreads da taxas de juro de dívida pública (que reflecte a diferença entre as taxas obtidas pelos países da zona euro em comparação com as da Alemenha) e a aplicação de medidas de austeridade.
A Comissão Europeia veio elogiar a determinação do governo português em impôr austeridade sem se importar com o que o Tribunal Constitucional diz, porque a austeridade está a produzir “crescente confiança dos investidores em Portugal”.
Um argumento que Paul Krugman contesta explicando que por “confiança dos investidores” a Comissão só pode estar a referir-se ao estreitamento dos spreads de taxa de juro, um estreitamento que, diz Krugman, “não tem nada a ver com a austeridade. Como Paul De Grauwe aponta, o facto da taxa de juro conseguida por um país face à taxa da Alemanha [o spread representa esta diferença] ter diminuido é totalmente explicada pela enorme disparidade existente no auge da crise – não há qualquer indicação de que as políticas tenham tido qualquer impacto”.
Ou seja, passado o pico da crise financeira global, é normal que o spread baixe, uma tendência que não pode ser associada directamente à aplicação de quaisquer políticas. O governo e a sua acção importa bem mais aos portugueses e pouco é relevante no que a esta “confiança dos investidores” diz respeito.
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