Tuesday, October 30, 2012

Informação não é factual é eventual


A informação é o resultado de um processo inteligente de construção de uma representação factual (evento), onde a comunicação é capaz de esbater uma incerteza (elemento de conhecimento) ou resolver uma alternativa ambiental (ajuda à decisão)

A sociedade da informação, impulsionada e sustentada nas novas tecnologias de informação e comunicação, veio alterar consideravelmente o contexto ambiental das empresas e comporta riscos, constitui um desafio. Implica uma nova percepção das ameaças, sobretudo informacionais, e também uma evolução dos indivíduos, das organizações.

Na base fundamental desta constatação está o facto de a actual sociedade estar sustentada num pilar imaterial, a informação, que não pertence ao domínio do real observável, mas antes ao domínio do construído. Ou seja, a informação não é factual é eventual.

Em termos de abordagem a esta problemática, é preciso em primeiro lugar entender que a informação não é a expressão de uma realidade e que, por isto mesmo, pode ser objecto de manipulações. Logo, não é compatível com adopção de um positivismo lógico onde apenas os critérios do real são observáveis.

A informação resulta de um processo de construção, podendo ou não reportar uma realidade. Reporta antes um evento que pode ou não ser real e, no sentido matemático, introduz a noção de fenómeno probabilístico, susceptível de ser percepcionado e interpretado. Numa acepção sociológica, o evento pode resultar de representações sociais e crenças colectivas e, por isso, ser imaginário.

É preciso notar que se o evento gera informação esta também tem a capacidade de gerar o evento. A acrescentar a isto, podemos entender um evento real como uma verdade susceptível de ser ocultada ou deformada e, por outro lado, o evento pode ter uma origem imaginária. O mito e o rumor podem suscitar eventos não reais.

Assim, a informação é resultado de um processo de construção, logo é manipulável e manipulada, sem que necessariamente se tenha de interpretar esta manipulação como algo malicioso (ao contrário do que a imagem ao lado sugere).

O emissor e receptor no processo informacional interagem com a informação, interpretam-na, dão-lhe sentido e alteram-na. O processo informacional não é, nem pode ser visto como, algo objectivo. É, pois, necessário analisar a questão da informação sem pôr de lado a dimensão humana.

A este propósito, note-se que os especialistas de intelligence são formados segundo o princípio de que uma intelligence não procura mais do que um certo grau de exactidão na interpretação do real. A expressão “certa” é geralmente banida e substituída por termos como “possível, “provável”, “muito provável”.

A intelligence visa reduzir a incerteza e não fazê-la desaparecer. Logo, a Inteligência Competitiva, através da vigilância da envolvente, da captação, tratamento e análise da informação externa, visa reduzir a incerteza na tomada de decisão.

A informação, pelo simples facto de não ser uma expressão sistemática da verdade, comporta riscos (manipulação, desinformação). Deste facto, desde logo, resulta uma necessária atitude vigilante, integrando um componente de protecção face às ameaças e ainda a capacidade de agir sobre o meio para o tornar favorável.

O estudo dos riscos informacionais permite aferir a necessidade, por parte das organizações, da aquisição de autonomia informacional. E a aplicação de instrumentos da intelligence no contexto económico, de
um modo ético e legal, responde a esta necessidade.

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