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Monday, November 5, 2012

O fim da ilusão




O quadro de guerra económica é o cenário e também, em parte, a justificação para a necessidade das organizações adoptarem uma atitude pró-activa que lhes permita criar as condições favoráveis, ao invés de esperarem e adoptarem uma atitude meramente reactiva.

A evolução do contexto global, impulsionada pelas novas tecnologias de comunicação e informação, fez-se no sentido de uma “economização” – passámos de uma lógica geopolítica para uma lógica geoeconómica – e a informação substitui hoje o capital e a energia como motor da nova economia. Estas duas condições, sustentadas numa globalização das trocas, contribuíram para um estado de hipercompetitividade onde todas as certezas são efémeras e onde capacidade de adaptação constante às bruscas mudanças do contexto se tornou fundamental à sobrevivência. Todo este conjunto de factores exige a adopção de uma nova abordagem à gestão estratégica da informação, capaz de conferir às organizações uma autonomia, para que possam produzir sentido a partir de uma realidade onde dados e informações dispersas são superabundantes e, assim, tomarem a melhor decisão, no momento certo.

É necessário, já aqui o disse,  adoptar uma nova grelha de leitura para que deixemos cair uma visão demasiado angelical e optimista do contexto e possamos observar – não é caso para que se diga “em todo o seu esplendor” – na sociedade da informação uma sociedade do segredo. Pilar desta constatação, o carácter eventual da informação. A informação é manipulável e manipulada e é hoje usada como arma num contexto económico cada vez mais marcado pelo conflito, uma guerra económica.

“As utopias originais, a euforia e idealismo de um paradigma das auto-estradas da informação caíram, foram consumidas com as bem sucedidas estratégias e dialécticas conflituais”, diz Didier Lucas, director do Institut Choiseul, no artigo “La prise de contrôle des marchés émergents, composants de la stratégie globale des Etats-Unis - Le cas de la Moldavie“.

Os estados mais evoluídos criaram batalhas comerciais, culturais e sociais de uma amplitude inédita e “paradoxo das economias capitalistas e liberais, as empresas tornadas necessariamente multinacionais, beneficiam de medidas activas com vista à conquista de mercados e de directivas governamentais destinadas à promoção dos seus interesses comerciais”.

A instauração, particularmente pelos Estados Unidos, na era Clinton, de doutrinas de segurança económica (no caso dos americanos pilar da política económica) “vieram selar o fim da ilusão”. Como diz o autor, o apoliticismo económico deixou de fazer sentido.

A livre mão do mercado deixou de reinar, os estados viram, principalmente após o fim da Guerra-fria, na economia o campo geoestratégico por excelência, a principal fonte de poder, e esta circunstancia per si contribuiu significativamente para um endurecimento da concorrência.

Hoje, a concorrência económica afecta de um modo absolutamente central as esferas social, política e mesmo cultural.

Ao contrário do que acontecia durante a Guerra-fria, torna-se mais claro que um aliado militar pode ser um inimigo no campo económico. O desaparecimento do inimigo único, o outro claramente identificado, levou ao ressurgimento, embora de um modo dissimulado, de um conflito global – agora na esfera económica.

Neste novo tabuleiro, a informação fez-se arma e a sua condição imaterial veio facilitar de sobremaneira a escalada do conflito – é mais fácil e “humano” enviar um vírus informático e afectar milhões de computadores do que cometer um genocídio, é mais fácil destruir a reputação de uma pessoa ou de uma empresa através de rumores do que derrubar um regime pela força das armas.

Wednesday, October 24, 2012

Autonomia Informacional, a sobrevivência dos mais aptos


Numa era dominada pela informação, feita principal matéria-prima da nova economia, às organizações torna-se imperativo libertarem-se da dependência informacional a que se submeteram e que as limita.


Num contexto incerto e dinâmico, dominado pela informação, as organizações devem ter consciência da sua vulnerabilidade, no que se refere à dependência informacional, e isto apela a uma nova capacidade de adaptação ao meio para sobreviverem, seguindo o postulado de Darwin, para quem só os mais adaptados sobrevivem.

The Darwin Economy (book cover)
Para fazer face a esta evolução, com repercussões directas nas ferramentas de gestão, a Inteligência Competitiva permite dar um salto qualitativo, de um entendimento da Era da Informação para o domínio da Era da Intelligence.

“A única certeza é a incerteza”, dizem Nonaka e Takeuchi. Por isso, face às flutuações da envolvente, as empresas devem ser capazes de gerir com avanço o meio e o risco económico e operacional a que estão sujeitas.

Assim, torna-se indispensável à sobrevivência das organizações o desenvolvimento de um sistema próprio de produção de informação e também a adopção de uma atitude vigilante face ao ambiente competitivo, na sua essência informacional, para que obtenham aquilo a que Bulinge intitula “autonomia informacional”.

“Face aos riscos da ignorância ou recusa, voluntárias ou não, do desenvolvimento da sociedade da informação, a Inteligência Económica surge como solução coerente das problemáticas informacionais ligadas à sociedade da informação”, diz-nos o autor.

Hoje, o desafio que se coloca aos indivíduos, às organizações e aos países passa por serem capazes de adquirir uma autonomia face aos riscos de dependência gerada e promovida pela sociedade da informação.

A economia da informação, diz Petit, “toma como objecto central da economia todo o sistema que produz, difunde e interpreta as informações”, ou seja, a informação é um recurso “natural” ou produzido.

Nesta dinâmica de produção e aquisição de informação existe uma alternativa: depender daquilo a que Moshowitz denomina “merchandise informacional” ou produzir as próprias informações de modo a que os decisores possam adquirir uma autonomia na tomada de decisão.

Ao invés de permanecerem nesta lógica de dependência, as organizações devem ser capazes de desenvolver a capacidade de recolha e tratamento da informação, de um modo sistemático, para minorarem os riscos da tomada de decisão e, assim, deterem uma vantagem competitiva sobre os seus competidores. Só, deste modo, serão capazes de sobreviver à crescente pressão informacional.

Se entendemos a informação como pilar da sociedade e da economia, então o seu domínio passa a ser fundamental para a afirmação global de organizações e países. Alerto, no entanto, para a necessidade de se adoptar uma perspectiva menos angelical e perceber que o confronto pelo controlo da informação, para um controlo da economia, se joga à escala global por subentendidos, por desinformações e manipulações num quadro de guerra de informação que se inscreve num quadro mais geral de guerra económica onde à sociedade de informação se opõe (e muitas se impõe) a  sociedade do segredo.

Tuesday, October 16, 2012

Hipercompetição, o fim da vantagem competitiva durável de Porter


A nova economia é  marcada por um novo quadro competitivo. Richard A. D’Aveni  na obra "Hypercompetition”, publicada em 1994,  defendia o facto de o ambiente onde as empresas concorrem se ter transformado num ambiente hipercompetitivo que ultrapassa todas as regras tradicionais da competição.

Segundo o autor, a Hipercompetição é uma situação concorrencial onde o factor competitivo fundamental reside na capacidade de constantemente desenvolver novos produtos, processos ou serviços que respondam às vontades dos clientes. Num tal ambiente, as empresas não podem contar com uma vantagem competitiva durável, tal como preconizava Michael Porter, vêem-se antes obrigadas a mudar de rumo, de
um modo constante.

Entre as características da Hipercompetição estão: a dificuldade, senão mesmo a impossibilidade, de gerar e manter vantagens concorrenciais duráveis; a existência de uma inovação rápida e perturbadora do mercado, com desvalorização acelerada dos conhecimentos adquiridos; a escalada concorrencial; o crescimento do poder dos clientes; a avaliação contínua do mercado pelos clientes; o fim do respeito pelo status quo, por parte de todos os actores; o fim da fidelidade dos clientes; e a ruptura de mercado tornada regra.

Assim, a Hipercompetição configura um estado de competição intensa que pode tornar-se fatal a quem não dominar as regras do jogo.

Passagem do poder de mercado para os clientes, declínio das barreiras à entrada; aceleração da mudança tecnológica; chegada de empresas com grandes recursos financeiros; desregulação dos mercados e globalização foram alguns dos factores que convergiram para a criação deste novo contexto hipercompetitivo, onde os decisores devem apoiar-se numa visão estratégica, por sua vez sustentada numa
abordagem inteligente que lhes permita apreender o essencial.

O lema que se impõe é “Mudar ou Morrer”, tal como dizia Jack Welsh, durante a sua presidência na gigante norte-americana General Electric. Neste novo ambiente hipercompetitivo, toda a vantagem é provisória, o que para organizações ágeis poderá configurar não uma ameaça, mas uma oportunidade.
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