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Wednesday, November 21, 2012

Do "boom" chinês ao "boomerang" do re-shoring



O site Inteligência Económica dedica hoje um artigo ao fenómeno do "re-shoring", com "muita da produção de bens deslocalizada para a China a voltar aos Estados Unidos e a indústria americana a retomar o seu desenvolvimento" (Ler: Como os EUA se reindustrializam).

"É nossa análise aqui no IE que o fenómeno está apenas no seu início. E vai, nos próximos anos, ganhar uma dimensão e uma força que ainda há pouco tempo nenhum ‘sinólogo’ admitiria. Outros factores, além dos dois apontados acima [a China tornou-se cara (e custos e tempos de transporte, em tempo de crise, agravam isso) e a acentuada baixa dos custos de energia nos EUA] vão afirmar-se nos próximos tempos e garantir à economia americana um novo tempo de avanço. Se a ainda há pouco impensável baixa dos custos de energia nos EUA é fruto da introdução de tecnologias inéditas e inovadoras na indústria do petróleo, outras inovações tecnológicas emergentes e disruptivas estão à beira de mudar radicalmente o jogo económico e o seu modelo…"

Alguns questionavam se este "re-shoring", ou mesmo o "near-shoring" (deslocalização de produções norte-americanas na Ásia para países mais próximos dos EUA, como o México, por exemplo), será mesmo uma tendência ou um mero buzz sem correspondência com a realidade (Is the Re-shoring of Manufacturing a Trend or a Trickle?), mas os sinais são claros, e há cada vez mais as empresas dos EUA a confirmar a tendência, e os motivos variados, revelam a consistência e vantagens competitivas desta mudança. 


Entre as principais razões citadas para re-shoring pelas empresas estão:

-  O desejo de colocar os produtos no mercado mais rapidamente e responder rapidamente a pedidos de clientes

- Poupança com custos de transporte e armazenagem

- Melhoria da qualidade

- Protecção da propriedade intelectual.

- Pressão para aumentar empregos nos EUA

As empresas preferem hoje produzir em menores quantidades, para ganharem em flexibilidade e melhor responderem a um mercado mais focado na qualidade (disposto apagar um extra pela personalização de produtos e serviços) e em que o ciclo de vida de um produto é menor.

A digitalização de fabricação amadureceu (com o Computer Aided Design, por exemplo) e permite   produzir mais perto dos seus clientes, economizar em logística e tirar vantagem das economias locais, com produtos ajustados às preferências do mercado local.

E outro factor que contribui para esta tendência é o enfraquecimento do dólar, que torna os produtos "made in USA" mais competitivos no mercado global.

China diz que é moda passageira


Como seria de esperar, para a China importa contextualizar a tendência como uma moda passageira e sem grandes consequências. Diz o China Daily: "Reshoring to have limited effect", citando um economista que acha que esta é um fenómeno efémero, e com declarações de responsáveis do Ministério da Economia a insistir que o país continua a ser um mercado atractivo para investidores externos... 

Cada um faz o que lhe compete. Mas tudo aponta, a manter-se a tendência e sem que a China ofereça outra resposta que não a propaganda, para que o "boom" chinês se venha a tornar um "boomerang", com um regresso a casa de quem lá estava a investir.





Monday, November 5, 2012

O fim da ilusão




O quadro de guerra económica é o cenário e também, em parte, a justificação para a necessidade das organizações adoptarem uma atitude pró-activa que lhes permita criar as condições favoráveis, ao invés de esperarem e adoptarem uma atitude meramente reactiva.

A evolução do contexto global, impulsionada pelas novas tecnologias de comunicação e informação, fez-se no sentido de uma “economização” – passámos de uma lógica geopolítica para uma lógica geoeconómica – e a informação substitui hoje o capital e a energia como motor da nova economia. Estas duas condições, sustentadas numa globalização das trocas, contribuíram para um estado de hipercompetitividade onde todas as certezas são efémeras e onde capacidade de adaptação constante às bruscas mudanças do contexto se tornou fundamental à sobrevivência. Todo este conjunto de factores exige a adopção de uma nova abordagem à gestão estratégica da informação, capaz de conferir às organizações uma autonomia, para que possam produzir sentido a partir de uma realidade onde dados e informações dispersas são superabundantes e, assim, tomarem a melhor decisão, no momento certo.

É necessário, já aqui o disse,  adoptar uma nova grelha de leitura para que deixemos cair uma visão demasiado angelical e optimista do contexto e possamos observar – não é caso para que se diga “em todo o seu esplendor” – na sociedade da informação uma sociedade do segredo. Pilar desta constatação, o carácter eventual da informação. A informação é manipulável e manipulada e é hoje usada como arma num contexto económico cada vez mais marcado pelo conflito, uma guerra económica.

“As utopias originais, a euforia e idealismo de um paradigma das auto-estradas da informação caíram, foram consumidas com as bem sucedidas estratégias e dialécticas conflituais”, diz Didier Lucas, director do Institut Choiseul, no artigo “La prise de contrôle des marchés émergents, composants de la stratégie globale des Etats-Unis - Le cas de la Moldavie“.

Os estados mais evoluídos criaram batalhas comerciais, culturais e sociais de uma amplitude inédita e “paradoxo das economias capitalistas e liberais, as empresas tornadas necessariamente multinacionais, beneficiam de medidas activas com vista à conquista de mercados e de directivas governamentais destinadas à promoção dos seus interesses comerciais”.

A instauração, particularmente pelos Estados Unidos, na era Clinton, de doutrinas de segurança económica (no caso dos americanos pilar da política económica) “vieram selar o fim da ilusão”. Como diz o autor, o apoliticismo económico deixou de fazer sentido.

A livre mão do mercado deixou de reinar, os estados viram, principalmente após o fim da Guerra-fria, na economia o campo geoestratégico por excelência, a principal fonte de poder, e esta circunstancia per si contribuiu significativamente para um endurecimento da concorrência.

Hoje, a concorrência económica afecta de um modo absolutamente central as esferas social, política e mesmo cultural.

Ao contrário do que acontecia durante a Guerra-fria, torna-se mais claro que um aliado militar pode ser um inimigo no campo económico. O desaparecimento do inimigo único, o outro claramente identificado, levou ao ressurgimento, embora de um modo dissimulado, de um conflito global – agora na esfera económica.

Neste novo tabuleiro, a informação fez-se arma e a sua condição imaterial veio facilitar de sobremaneira a escalada do conflito – é mais fácil e “humano” enviar um vírus informático e afectar milhões de computadores do que cometer um genocídio, é mais fácil destruir a reputação de uma pessoa ou de uma empresa através de rumores do que derrubar um regime pela força das armas.

Monday, October 29, 2012

Sociedade da informação vs. Sociedade do segredo



Por oposição à visão humanista, de entendimento global, partilha de valores, trocas culturais enriquecedoras e de paz, alguns vêem a sociedade da informação como um sistema gerador de exclusão, com base numa hipocrisia obtida pelo engano e desinformação, que oculta, na verdade, uma guerra económica entre as nações.

A informação, hoje superabundante, capaz de tudo esclarecer e de iluminar todas as decisões, comporta, na realidade também segredos e manipulações.

Assim, face a esta sociedade da informação e do conhecimento impõe-se uma nova grelha de leitura que a veja também como sociedade da desinformação e do desconhecido.

O segredo é a “alma do negócio”

O segredo é também pilar fundamental de um contacto global entre povos e nações e, como diz o ditado, é “a alma do negócio”.

A um mundo ideal onde tudo se sabe contrapõe-se uma realidade onde, não raras vezes, impera o não dito.

A sociedade da informação pode ser entendida como uma realidade construída pelo homem para reduzir as suas incertezas, mas é também geradora de dúvidas, de segredos, logo de conflitos entre os que sabem, os que não sabem e os que querem saber.

É, pois, fundamental o entendimento, por parte dos actores económicos, que a informação comporta perigos, pelo que é necessário às organizações desenvolverem um sistema de filtragem e análise da informação que informe e forme a acção. Por outro lado, a possível utilização da informação como arma pelos outros torna também necessária uma mudança do entendimento da componente protecção para que possam não só proteger a própria informação como para evitar cairem no engano de tomarem como válida a informação que outros fornecem.


Friday, October 12, 2012

10 diferenças entre a velha e a nova economia




Porque nunca é demais lembrar, aqui estão os princípios em tempos enunciados pela publicação on-line da revista Business 2.0, para melhor se fazer a distinção entre a nova economia e a antiga, numa altura em que surgem fantasmas de velhos modelos económicos, que perderam o momento com o surgir de novas realidades. Estas exigem que cada estado entenda o papel que pode desempenhar, tal como já o entenderam há muito os EUA...

1. Matéria: Importa cada vez menos. O processamento de informação é drasticamente mais poderoso e menos custoso que a deslocação de bens materiais. Cada vez mais, o valor das empresas está nos bens intangíveis e não nos tangíveis;

2. Espaço: A distância desapareceu. O mundo é o nosso cliente e competidor;

3. Tempo: Está a colapsar. A interactividade instantânea tornou-se crítica e origina uma mudança acelerada;

4. Pessoas: São a jóia da coroa e sabem-no. Mais do que em qualquer momento da história, muito do valor resulta de ideias inteligentes e das tecnologias ganhadoras e modelos de negócio resultantes dessas ideias. A capacidade cerebral é o motor da nova economia;

5. Crescimento: É acelerado pela rede. A Internet permite drasticamente acelerar a adopção de um produto ou serviço. Nunca como agora existiu uma tão grande vantagem para os primeiros a avançarem;

6. Valor: Cresce exponencialmente com a quota de mercado. O efeito de rede leva a uma personalização das compras e das escolhas via plataformas especializadas;

7. Eficiência: A sobrevivência dos intermediários. Os “infomediários” substituem os intermediários. Os distribuidores e agentes tradicionais estão seriamente ameaçados por uma economia em rede onde compradores conseguem contactar directamente com os vendedores. No entanto, surge uma nova espécie de intermediário, necessário para tornar dados dispersos em informação utilizável. Oferecem serviços agregados ou uma assistência especializada a clientes ou, ainda, tecnologia poderosa para auxiliar nas compras;

8. Mercados: Desapareceram as barreiras físicas. Os compradores estão a ganhar novos poderes e os vendedores novas oportunidades. A comparação de preços é feita a partir de casa, com, inclusive, programas de software a ajudarem a encontrar a melhor oferta;

9. Transacções: Jogam-se “um para um”. É mais fácil personalizar informação que bens materiais e a primeira começa a ganhar um peso cada vez mais relevante nos produtos hoje comercializados. A tecnologia permite, de um modo aparente, oferecer em linha um serviço personalizado;

10. Impulso: todos os produtos estão disponíveis em todo o lado. Neste sentido, diminui a distância entre o desejo e a compra. Na Internet, as barreiras físicas e mentais que separavam tradicionalmente desejo e compra desaparecem e esbatem-se, basta um clique;

Thursday, October 4, 2012

Quando o centro de gravidade global e a guerra passou da Geopolítica para a Geoeconomia


A Inteligência Competitiva pressupõe e inscreve-se num conjunto de dinâmicas que se manifestam globalmente por uma passagem do centro de gravidade da geopolítica para a geoeconomia.

Esta última, teorizada por Edward Luttwak, é o resultado da conjugação de três factores determinantes:

Em primeiro lugar, uma mutação profunda do capitalismo que tende para o conflito, para um endurecimento permanente da concorrência entre actores económicos – Christian Harbulot bem explica a este propósito que ao contrário da geopolítica, na esfera geoeconómica estamos obrigatoriamente virados para o ataque, para ganharmos posição de vantagem no mercado.

Em segundo lugar, o fim do confronto frio entre os dois blocos provocou uma profunda alteração dos jogos de poder à escala global. O fim da bipolarização, o desaparecimento do outro, do inimigo, raiz de todo o mal – substituído por muitos outros, não explicitamente assumidos –, alterou a percepção do mundo e fez deslocar para a esfera económica os jogos de poder. Hoje, um aliado militar pode ser um rival económico e queda do bloco soviético fez reaparecer os interesses económicos das nações, com o surgimento de uma enorme tentação de lucrar com o liberalismo dos outros.

Por fim, também as formas de guerra acompanharam esta evolução em dois planos complementares: a informação substituiu as armas enquanto instrumento superior no confronto, com a violência que martiriza os espíritos a sobrepor-se à violência que martiriza os corpos, e a este movimento de deslocalização – de um plano material da guerra para um plano imaterial – juntou-se outro desvio do confronto: do campo político (da conquista territorial), para o campo económico (da conquista de mercados).

Impulsionado e sustentado numa liberalização dos mercados, na globalização das trocas e na sociedade de informação, um conjunto de alterações profundas colocou a geoeconomia no centro da disputa pelo poder, o que conduziu Bernard Esambert, já em 1971, e, mais tarde, Christian Harbulot a falar de “guerra económica”.

Note-se que há exemplos anteriores de guerra económica, mas esta servia objectivos geopolíticos. O bloco soviético, por exemplo, moviasse já por interesses económicos à escala mundial e era a política, a ideologia, que “vendiam” o seu modelo económico. A política servia, por exemplo, para assegurar matérias-primas baratas e mercados para as suas indústrias de armamento, produção nuclear e de equipamentos industriais.

Tuesday, October 2, 2012

Da Sociedade da Informação à Guerra Económica - O Imperativo da Inteligência Competitiva


Paradoxo de uma sociedade onde a informação assume um papel central, onde aparentemente tudo se pode saber sobre todos a um custo marginal extremamente reduzido e onde a quantidade de informação disponível em fontes abertas, produzida a uma escala global, é inigualável, os decisores empresariais vêem-se confrontados com um ambiente competitivo onde a mudança constante e a incerteza imperam, como em nenhum outro momento da História. 
A sociedade construída com informação, movida a informação, produtora de informação e suportada nas Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, impõe aos decisores a necessidade de tomarem a gestão estratégica da informação, em particular da informação externa, como prioridade no processo de gestão empresarial. 


Dados e informações diversas, produzidas à escala global, impelem os decisores a agirem com a rapidez que impõe o ritmo da nova economia. A superabundância de informação, cuja produção sem constrangimentos sugeria para alguns autores o fim de todas as dúvidas, transporta consigo a raiz de todas as incertezas.

Aos decisores exige-se que sejam capazes de antecipar e dar resposta às forças externas que de um modo permanente ameaçam a posição concorrencial das empresas, para poderem obter uma vantagem competitiva sobre os seus concorrentes e a conseguirem uma posição sustentável.

Porque nos situamos numa sociedade da informação, principal “matéria-prima”, sustentáculo da economia – note-se o impacto das informações veiculadas nos media na cotação das acções em bolsa –, as ameaças às organizações, sobretudo as empresariais, são predominantemente informacionais.

Os desafios que hoje enfrentam os decisores empresariais pouco diferem dos enfrentados pelos seus congéneres políticos. Enquanto estes últimos, desde há muito, têm confiado nas agências de intelligence para conduzir ou, pelo menos, melhor esclarecer a tomada de decisões, na esfera empresarial poucos integram processos e produtos da intelligence no processo de decisão.

Ao invés de sustentarem as suas acções numa recolha, tratamento, análise e difusão sistemática de informação tornada intelligence, muitos fazem face a um ambiente altamente competitivo guiados pela luz do instinto e por opiniões pessoais infundadas ou apenas sustentadas na experiência acumulada sobre o mercado e o seu rumo. Claro que alguns, poder-se-á dizer, obtém bons resultados ainda que tomem decisões num vácuo de intelligence, no entanto, é fundamental que se assuma o menor risco possível na decisão e, por isso, é necessária uma “abordagem inteligente”, a única capaz de responder às incertezas do ambiente competitivo. É necessária Inteligência Competitiva.

A informação tornada intelligence sobre a envolvente – sobre os rivais, as políticas, os factores sociais, com implicações no mercado onde se insere o negócio, ou ainda sobre o desenvolvimento tecnológico – tornou-se fundamental às empresas e deve ser entendida como um factor de produção, a par da propriedade, da mão-de-obra e do capital.

Urge a necessidade, por parte dos decisores, de perceber o contexto global. E urge começar por entender o desfasamento entre os ideais fundadores e os virtuosismos propalados da sociedade da informação e dos mercados liberais, potenciados largamente pela primeira, e a realidade global onde as empresas se inserem e com a qual têm de lidar.

Hoje, o mundo dos negócios é, assim o consideramos, uma verdadeira guerra económica ”onde os frutos do sucesso incluem postos de trabalho, prosperidade e estabilidade social, e, pelo contrário, as “baixas” vão desde a prisão de CEO’s a exércitos desiludidos de desempregados e à instabilidade económica e social que isto provoca”.

Por este motivo, nos negócios, como sucede na guerra, a intelligence deve ser usada pelas empresas como garantia – obviamente nunca absoluta – de protecção e capacidade de reacção face ao meio e, sobretudo, de acção sobre o meio, conferindo aos decisores a informação accionável (ou seja, com base na qual possam agir) necessária a decisões acertadas, logo, lucrativas.

A resposta a uma envolvente económica cada vez mais exigente e cada vez mais agressiva tem de ser uma resposta inteligente. E como há muito defendo neste blog, num quadro global onde a informação se impõe como principal arma, é na Inteligência Competitiva que os decisores podem encontrar a solução.

Wednesday, March 21, 2012

Execução orçamental tranformada em execução de Portugal

 Quando à obsessão pelo orçamento se juntam elogios de "notável" vindos de Bruxelas há ainda mais razões para nos preocuparmos. A vaidade não vai ser a melhor conselheira de quem transformou a execução orçamental na execução do país...E é bom que a tempo percebam que Portugal é muito mais que um orçamento a cumprir... Em Bruxelas não vêem "sinais de fadiga", mas a execução orçamental dá mostras da "dor de Burro" que o país já sente e que resulta do facto de o governo ter optado por transformar aquela que deveria ser uma maratona de austeridade, sustentada, com ritmo ponderado e com estratégia,  numa desenfreada série de ajustamentos ao sprint, providos de um sentido de gestão da coisa pública meramente tático.

Bruxelas elogia Portugal

Ajustamento orçamental é "notável" 
e meta do défice mantém-se
A terceira avaliação do programa de ajuda a Portugal foi positiva, tendo sido aprovada uma nova tranche.  
A terceira avaliação do programa de ajuda a Portugal foi positiva, tendo sido aprovada uma nova tranche. Imagem: AFP; GIUSEPPE CACACE
 
Segundo a Comissão Europeia, o programa de ajustamento “está no bom caminho” e a meta de 4,5 por cento para o défice público em 2012 continua válida.

No relatório, a que a Bloomberg teve acesso, lê-se que a missão da 'troika' não encontrou sinais de “fadiga das reformas” em Portugal e antecipa-se um recuo de 3,25 por cento no produto interno bruto (PIB) este ano, contra os três por cento anteriormente previstos.

Para Bruxelas, onde não encontram sinais da "fadiga das reformas", ficam estes dados, que revelam os efeitos das reformas quer nas receitas, quer nas despesas:

- O défice do Estado ascendeu, em Fevereiro de 2012, a 799 milhões de euros, quase o triplo do verificado no mesmo período do ano anterior. Aumento da despesa em 241 milhões de euros, e uma receita efetiva perdida de 312 milhões.

-Só em temos de impostos, a receita desceu 5,3%, para 5,63 mil milhões de euros, ou seja, o Estado deixou de arrecadar 315,3 milhões. 


- O IVA, a principal fonte de receita do Estado, começou a cair em fevereiro. De acordo com a Direção-Geral do Orçamento (DGO), o Fisco arrecadou 2.861,8 milhões de euros nos dois primeiros meses deste ano, menos 1,1% do que no mesmo período do ano passado.
A cobrança de IVA não caía desde o final de 2009.

 
- O IRC, imposto sobre o rendimento colectivo, acusou um decréscimo de 46%.



- Quebra no ISV (Impostos Sobre Veículos) de 61 milhões (menos 44,6%).

- Receita com o ISP (impostos sobre produtos petrolíferos) caiu: menos 26 milhões, ou seja um corte de 6,7%, para um total de 363 milhões de euros.

- A despesa com subsídio de desemprego cresceu 18%, o que demonstra um aumento de 62,5 milhões de euros do que em igual período de 2011.

Fontes:

Défice do Estado dispara: é quase o triplo de 2011

Thursday, January 13, 2011

"Guerra Económica" e "Guerra de Informação", por Alain Juillet

Excerto da entrevista a Alain Juillet, figura de topo da Inteligência Económica, à newsletter TDSNews
 

“Guerra económica” e “guerra de informação”, duas expressões sempre presentes no discurso de Inteligência Económica. Pode explicar-nos cada um destes conceitos?

Estamos a falar de duas coisas muito diferentes. A guerra da informação traduz-se, por exemplo, nas campanhas de comunicação, não de informação mas de desinformação, feitas para desestabilizar um mercado, um concorrente ou um consumidor que compra um produto concorrente. Para mim, é o combate permanente entre os que informam e os que desinformam. A desinformação tem por objectivo neutralizar ou atingir o outro no plano das ideias. Do outro lado, a informação age de um modo mais objectivo. A partir do momento em que há alguém que informa e alguém que desinforma temos uma guerra de informação que só termina com a vitória de um. A palavra guerra pode parecer muito forte, mas a verdade é que estes confrontos têm, muitas vezes, consequências terríveis.
 
A palavra guerra [na “guerra de informação”] pode parecer muito forte, mas a verdade é que estes confrontos têm consequências terríveis. E, se o atacado é uma pessoa, pouco pode fazer para se defender e quando se souber a verdade... é tarde!


Quando se faz um ataque pessoal, através de rumores, estamos perante uma verdadeira guerra, porque a pessoa pode ser destruída. E, em geral, pouco pode fazer para se defender... E depois, quando se acaba por saber a verdade, já é tarde.

A guerra económica é, para mim, outra coisa. É a guerra total, é a utilização de todos os meios da Inteligência Económica, mas também da capacidade das empresas e também, a nível dos estados, do sistema legal, ou seja, tudo o que pode servir, no quadro da actividade económica, para destruir uma empresa ou uma actividade feita pelo outro. E acontece muito e cada vez mais entre estados.

Vemos, em todo o mundo, que esta é uma situação corrente. Actualmente, vemos certos actores financeiros, como os edge-funds (que têm uma técnica bem conhecida que consiste em desestabilizar as empresas onde querem entrar para provocar a queda das acções), fazer depois a recuperação e vender com lucro. Quando vamos mais longe nesta análise, temos, por exemplo, edge-funds e bancos que decidem atacar, através da Grécia, o Euro e, se o fizerem cair, tudo é afectado. E isto é guerra económica. É uma situação muito grave, porque todo o sistema económico europeu está em risco e, se este for afectado, ficamos vulneráveis em relação a todas as outras partes do mundo.

Ver entrevista completa aqui
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